Revolução dos dados e análise econômica

Apresentação do artigo de Einav e Levin (2014).


Big data está na moda, muito se fala dessa tal “revolução dos dados”. A discussão já entrou nos departamentos de economia, mas suas aplicações e ferramentas ainda são desconhecidas da maioria dos economistas e muitos são céticos quanto a real contribuição dessa revolução dos dados. Para tentar trazer um pouco de informação sobre suas possíveis aplicações em economia, resolvi indicar aqui no blog o artigo The Data Revolution and Economic Analysis escrito por Einav e Levin, ambos da Universidade de Stanford.

Um ponto que o artigo chama atenção é de como a estrutura dos dados que estão disponíveis agora, diferem dos típicos dados em que os economistas estão habituados. Os dados de agora são mais complexos e difíceis de serem classificados simplismente como dados de painel ou série temporal. Algumas características desses novos conjuntos de dados são:

  • Estão disponíveis em tempo real;

  • Estão disponíveis em grande escala. Podem ter dezenas de milhões de observações e uma quantidade imensa de variáveis;
  • Novos tipos de variáveis estão disponíveis. Agora há registros de emails, localização geo-espacial e interações sociais;
  • Menos estruturados.

Essa disponibilidade de dados em tempo real é uma das características mais marcantes dessa era de dados, mas não é muito surpreendente que economistas não estejam muito animados com isso, pois muitas questoes econômicas são retrospectivas. Neste caso é mais importante ques os dados sejam detalhados e precisos do que imediatamente disponíveis. Quem está tirado vantagem disso são empresas com uso intensivo de tecnologia, que podem conhecer melhor seus clientes e otimizar sua oferta de serviços, como Uber e Netflix.

Sobre a estrutura, os novos conjuntos de dados São menos estruturados e com maior dimensão, diferente das típicas planilhas com n observações e k variáveis sendo k < n, para os quais os típicos métodos econométricos são desenvolvidos. Técnicas para lidar com esses tipos de dados são desconhecidas da maioria dos economistas empíricos, tornando necessário trazer essas novas ferramentas para a ementa dos cursos de economia.

O artigo foi publicado no Innovation Policy and the Economy da Universidade de Chicado e também tem um Working Paper disponível. Vale a pena a leitura do artigo, leitura simples e fácil, traz vários exemplos de como os dados vem sendo trabalhados na atualidade e de como podem ser úteis para pesquisa econômica e políticas públicas.

Referência

EINAV, Liran; LEVIN, Jonathan. The data revolution and economic analysis. Innovation Policy and the Economy, v. 14, n. 1, p. 1-24, 2014.


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